#1 Desigualdades de desempenho e rendimento escolar nas escolas públicas de ensino fundamental

Introdução

A linha 1, voltada à educação básica, analisa as desigualdades no acesso e desempenho dos alunos e alunas brasileiras matriculados nas escolas públicas, abrangendo todo o território nacional. Esta linha investiga fatores relacionados aos desfechos escolares dos estudantes, considerando os desempenhos destes (mensurados a partir de suas proficiências nas disciplinas) e rendimentos (medidos a partir das suas aprovações ou repetências).Coube a  linha 1 também  averiguar em que medida variáveis como raça, gênero e origem socioeconômica influenciam os resultados escolares dos estudantes nos níveis básico e médio. São levados em consideração, também nessa linha, se fatores como a escolaridade das mães dos estudantes, o tempo que estes dedicam aos estudos, as condições estruturais das escolas públicas, os métodos didáticos aplicados no processo educacional e as concepções dos professores sobre ensino, desempenho, mérito e repetência influenciam nos desempenhos dos alunos. Além disto, analisam-se a eficácia de políticas públicas voltadas para a educação básica, como por exemplo, a Escola em Ciclos.  

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O ensino fundamental no Brasil

As professoras Maria Teresa Gonzaga Alves (FaE/UFMG) e Flavia Xavier (FaE/UFMG) buscam compreender os fatores que influenciam as desigualdades de aprendizado entre os alunos dos níveis básico e médio. As pesquisadoras questionam se mais oportunidades nas escolas podem compensar as desigualdades de origem.

Repetência no ensino fundamental

Os pesquisadores Maria Teresa G. Alves (Faculdade de Educação, UFMG) e Frederico Alves Almeida (Faculdade de Educação, UFMG) destacam que o sistema de ensino está organizado a partir de uma “pedagogia da repetência”, ou seja, na crença de uma concepção de que que a insuficiência de aprendizagem pode ser resolvida através da repetência dos estudantes. Repetir a série , porém, não efetiviza nos alunos o aprendizado do conteúdo.A “pedagogia da repetência” dificulta a progressão dos estudantes no sistema de ensino, sendo uma das causas da evasão escolar. Alves e Almeida destacam a importância de políticas públicas como a “Escola em Ciclos”, que reduz a repetência, e do programa “Bolsa Família”, que democratiza o acesso e a permanência no ensino público nos níveis fundamentais.

Progressão escolar e usos do tempo

O pesquisador Luíz Flávio Neubert (UFJF) sinaliza que mesmo com a expansão do acesso ao ensino fundamental no Brasil, ao longo das décadas de 1970 e 1980,  a dificuldade de progredir no sistema de ensino e a sua evasão, ainda constituem-se  problemas a serem enfrentados. Neubert aponta a influência que a escolaridade materna exerce sobre a vida escolar dos estudantes, discutindo também como os usos do tempo sofrem influências de variáveis como classe social, gênero e raça.

Gênero e Matemática

Raquel Guimarães (Faculdade de Economia, UFPR) disserta que há crenças sobre a os desempenhos de meninas e meninos, que sustentam que estes últimos possuem maior desempenho em disciplinas exatas, como a matemática, a química e a física, do que as meninas. Guimarães destaca que tais  convicções estão baseadas  em padrões culturais machistas e patriarcais, que não encontram qualquer tipo de respaldo nos conhecimentos científicos. Entretanto, mesmo sem base alguma na ciência,  tais crenças são sustentadas no ambiente familiar e escolar, contribuindo para que as meninas se sintam inseguras nestas disciplinas e tenham, de fato, desempenhos piores do que os dos meninos. Estas dificuldades influenciam futuramente as escolhas profissionais das meninas, que acabam por optar por áreas menos valorizadas e remuneradas. Guimarães enfatiza a importância de rompermos com estas crenças, encorajando as meninas nos estudos destas disciplinas.

Gráficos

Distribuição do nível  socioeconômico médio das escolas públicas por municípios e unidades da Federação, Brasil, 2017

Percentual de estudantes no nível adequado ou avançado de proficiência em leitura em 2017, variação entre 2007 e 2017 e média do nível socioeconômico das escolas, segundo Unidades da Federação – 5º ano do ensino fundamental;

Probabilidade do estudante ter uma trajetória educacional regular, por quartil do NSE (nível socioeconômico), segundo sexo e cor/ raça, Brasil, 2007 – 2015.

Textos

Sugerimos a leitura de artigos e livros resultantes de pesquisas sobre o tema 1. Entre os textos selecionados, você encontrará trabalhos sobre o que acreditam os educadores no que diz respeito a reprovação dos alunos e a relação entre estas crenças e o número de reprovações; análises sobre a permanência dos estudantes nas escolas, assim como sobre as evasões escolares, com ênfase sobre os grupos mais vulneráveis; modelos conceituais para a avaliação da infraestrutura escolar no ensino fundamental; pesquisas sobre avanços na qualidade da educação nesse nível escolar; análises sobre políticas públicas educacionais; estudos sobre o analfabetismo, o acesso à escola, o índice de desempenho discente, a qualificação e a capacitação dos professores, as técnicas de ensino e aprendizagem, os usos do tempo por parte de estudantes de escolas públicas; os registros de experiências ligadas ao desenvolvimento dos Planos de Ação Educacional;  análises sobre a proficiência escolar e a probabilidade de progressão por série no Brasil; estudos sobre as desigualdades sociais e as distribuições de oportunidades educacionais,  entre vários temas de grande interesse.

A cultura da reprovação em escolas organizadas por ciclos

ALMEIDA, Frederico Alves; ALVES, Maria Teresa Gonzaga

Este trabalho investigou a crença de educadores sobre a reprovação e sua relação com práticas de avaliação em escolas públicas de ensino fundamental da rede municipal de Contagem-MG.

A qualidade da educação e a disseminação de sistema de avaliação

TAVARES JUNIOR, Fernando & NEUBERT, Luís Flávio

Este trabalho analisa a associação entre a implantação de sistemas estaduais de avaliação educacional no Brasil e o desenvolvimento da proficiência média entre os alunos das respectivas redes estaduais de ensino.

Diálogos e Proposições Volume II: planos de ação para a Rede Estadual de Educação de Minas Gerais

QUIOSSA, A. S. BERTOLOTTI, D. P. J. ; NEUBERT, L. F ; CUNHA, P. C. (Orgs.)

O livro propõe o registro e publicação de experiências ligadas ao desenvolvimento dos Planos de Ação Educacional (PAEs) elaborados por gestores e técnicos integrantes da Rede Estadual de Ensino do Estado de Minas Gerais, entre os anos 2010 e 2013, a partir dos trabalhos de dissertação defendidos no âmbito do PPGP/CAEd/UFJF

Educação e o Uso do Tempo

NEUBERT, Luiz Flávio & TAVARES JÚNIOR, Fernando

O livro analisa os usos do tempo de estudantes de escolas públicas de Juiz de Fora, visando a consolidação de uma estratégia de coletas de dados de usos do tempo entre estudantes e professores, capaz de compreender como a pluralidade de tempos influencia o desempenho educacional.

Exclusão intra escolar nas escolas públicas brasileiras: um estudo com dados da Prova Brasil 2005,2007 e 2009

SOARES, José Francisco; GUIMARÃES, Raquel & ALVARES, Raquel

As análises aqui apresentadas se baseiam em dados coletados pelas pesquisas das Provas Brasil de 2005, 2007 e 2009, com os resultados do desempenho de alunos do 5º e do 9º ano do ensino fundamental em testes de leitura e de matemática. O foco deste estudo é a exclusão intraescolar.

Modelo conceitual para a avaliação da infraestrutura escolar no ensino fundamental

ALVES, Maria Teresa Gonzaga; XAVIER, Flávia Pereira & PAULA, Túlio Silva.

O artigo apresenta um modelo conceitual para avaliar a infraestrutura escolar no ensino fundamental, tendo como referência os marcos legais e baseando-se na literatura nacional e internacional sobre o tema.

O papel das origens sociais sobre a proficiência escolar e a probabilidade de progressão por série no Brasil: evidência de persistência

RODRIGUES, Clarissa; GUIMARÃES, Raquel & RIOS-NETO, Eduardo

Este artigo baseia-se em dois trabalhos elaborados por Rodrigues (2009) e Guimarães (2010) que analisaram a mudança intertemporal em duas variáveis educacionais: a proficiência escolar e a probabilidade de progressão por série no Brasil.

Políticas educacionais

NEUBERT, Luiz Flávio & TAVARES JÚNIOR, Fernando (Orgs.)

Integram esta obra trabalhos voltados à análise, avaliação, refexão e interpretação de Políticas Educacionais contemporâneas, através de estudos empíricos e discussões teóricas.

Rendimento educacional no Brasil

TAVARES JUNIOR, Fernando (Org).

A pesquisa analisa a distribuição de oportunidades educacionais e sua relação com a estratificação social. Há análises sobre políticas públicas relacionadas ao acesso, à permanência e ao rendimento educacional.

Rendimento escolar e seus determinantes sociais no Brasil

TAVARES JUNIOR, Fernando. ; Arnaldo Mont’Alvão ; NEUBERT, Luís Flávio

Este estudo analisa o rendimento educacional a partir das chances de estudantes realizarem as transições na educação básica (fundamental e média) no Brasil. Baseando-se em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 1999 e 2013, foram computados modelos logit sequenciais no intuito de estimar as mudanças no efeito das origens sociais sobre as transições. Os principais resultados apontam que, embora ainda persistam desigualdades socioeconômicas e de cor, houve diminuição desses efeitos ao longo dos últimos anos, o que indica a diminuição das barreiras socioeconômicas para o fluxo dos estudantes.

Sucesso escolar e práticas pedagógicas

NEUBERT, Luiz Flávio & TAVARES JÚNIOR, Fernando

O livro aborda diversas questões relacionadas à educação como o problema do analfabetismo, o acesso à escola, o índice de desempenho discente, a qualificação e a capacitação dos professores, as técnicas de ensino e aprendizagem, entre outras.

Trajetórias educacionais como evidência da qualidade da educação básica brasileira.

SOARES, José Francisco, ALVES, Maria Teresa Gonzaga & FONSECA, José Aguinaldo

Este artigo tem como foco a análise da permanência dos estudantes na escola, condição essencial para a aprendizagem e representada por suas trajetórias educacionais. Dados longitudinais do Censo Escolar, de 2007 a 2015, foram utilizados para analisar as trajetórias educacionais classificadas em três tipos: regular; com poucas irregularidades; e com muitas irregularidades. Os resultados mostram que alguns grupos sociais são muito mais propensos a ter uma trajetória regular e outros a ter repetência ou a ficar fora da escola em alguns anos. Uma proporção alta de meninos de cor/raça preta tem trajetórias com muitas irregularidades.

Uma década da Prova Brasil: evolução do desempenho e da aprovação

ALVES, Maria Teresa Gonzaga; FERRÃO, Maria Eugénia.

O artigo analisa os dados originados pela aplicação da Prova Brasil, a fim de responder duas perguntas: no período de dez anos, houve avanços na qualidade da educação em termos de aprendizado e aprovação no ensino fundamental 1 e 2? Quem são os alunos que melhoraram (ou não), segundo recortes territoriais e características sociais? São apresentadas estatísticas descritivas dos níveis de proficiência e da autodeclaração sobre a reprovação dos alunos do 5º e 9º anos de 2007 a 2017.