Introdução
A linha 3 analisou o panorama geral do ensino no Brasil, em todos os níveis. Estudos desta linha se dedicaram a compreender as desigualdades de oportunidades e de resultados que permeiam o sistema de ensino, considerando os obstáculos existentes nas transições do ensino básico ao médio, e ao superior. As pesquisas desta linha analisam as influências que fatores como classe social, raça, gênero, localização geográfica, entre outros, exercem sobre as chances de ingresso e progressão dos estudantes no sistema de ensino. Estes estudos averiguam a eficácia de políticas públicas voltadas a superarem tais desigualdades.
Vídeos
Mobilidade social e acesso ao ensino superior
Carlos Antonio Costa Ribeiro (IESP-UERJ) destaca que as origens socioeconômicas dos alunos influenciam as chances deles ingressarem nas universidades. Quanto mais altas as origens dos estudantes, maiores as possibilidades destes fazerem cursos superiores. Os estudos sobre mobilidade social analisam estes processos de transmissão ou superação das desigualdades. O pesquisador destaca que o sistema educacional propiciaria idealmente a possibilidade de superar as disparidades sociais. Contudo, na prática, desigualdades de classe e de raça são persistentes, constituindo-se como fatores que dificultam o ingresso de estudantes pretos, pardos, indígenas e alunos de origens mais baixas no ensino superior. Costa Ribeiro reafirma a importância das políticas públicas para mudar este cenário. Ele destaca que avisar os alunos de que estes possuem notas suficientes para ingressarem nas universidades estimularia os estudantes de origens humildes a fazerem um curso universitário.
Oportunidades educacionais e o mito da meritocracia
Os pesquisadores Murillo Marschner (DS/FFLCH/USP), Carlos Antonio Costa Ribeiro (IESP-UERJ) e Flavio Carvalhaes (IFCS/UFRJ) destacam a centralidade do sistema educacional como mecanismo de alocação de pessoas no mercado de trabalho e na estratificação social.Contudo, as oportunidades educacionais não são igualmente distribuídas, pois as origens sociais das pessoas, além de variáveis como raça e gênero, influenciam as chances de acesso e permanência no sistema de ensino. Os pesquisadores falam sobre o mito da meritocracia, que é a crença de que os resultados dependem dos esforços. Eles destacam porém que esta concepção deve ser problematizada, pois as pessoas partem de posições sociais diferentes, tendo chances desiguais de acessarem recursos como o próprio sistema educacional. Marschner, Ribeiro e Carvalhaes enfatizam a importância de democratizar o acesso e a permanência dos estudantes no sistema educacional para reduzir as desigualdades de oportunidades.
Gráfico
Taxas de transição para o ensino superior para níveis de desempenho no Enem por estrato de renda. Brasil, coorte de estudantes que realizaram o Enem em 2012
Textos
Sobre os artigos resultantes de pesquisas da linha 3, entre os textos selecionados, você encontrará análises sobre as origens sociais dos estudantes e seus destinos educacionais, nos níveis básico, médio e superior; pesquisas sobre desigualdades estruturais que influenciam as trajetórias ocupacionais dos jovens; trabalhos sobre desigualdades de gênero entre estudantes e a alocação de alunos e alunas nos cursos superiores; estudos sobre as trajetórias dos jovens brasileiros no mercado de trabalho; análises sobre as consequências da expansão das oportunidades de aquisição de escolaridade; discussões teóricos-conceituais e análises empíricas sobre diversos temas da sociologia da educação brasileira.
A dimensão vertical e horizontal da estratificação educacional
O texto discute as dimensões vertical e horizontal da estratificação educacional. Enquanto a estratificação vertical indica as desigualdades de acesso aos diversos níveis do sistema, a dimensão horizontal abrange as diferenças qualitativas que permeiam as desigualdades de transição. A análise das duas dimensões propicia um conhecimento mais amplo dos processos de estratificação que afetam os sistemas educacionais. Os principais estudos internacionais que tratam dessas dimensões são incluídos e o caso brasileiro é contextualizado.
A interseção entre renda, raça e desempenho acadêmico no acesso ao ensino superior brasileiro
O artigo apresentou os efeitos da renda familiar per capita na família de origem dos estudantes e sua combinação com cor/raça na transição para o ensino superior; e mediu até que ponto os alunos com origens privilegiadas e de diferentes grupos raciais são capazes de compensar baixos desempenhos acadêmicos.
Alcance e limites do ativismo do Ministério Público como fiscal da educação
O Ministério Público (MP) é capaz de efetivar direitos como fiscal de governos sem o Judiciário? A questão se põe ao projeto MP pela Educação (MPEduc), criado para instar municípios e estados a adequarem escolas a exigências legais e fomentar a fiscalização por conselhos sociais.
Avanços do plano nacional de educação no Matopiba
O Projeto de Pesquisa: “Mapeamento das metas do plano nacional de educação 2014 – 2024 na região dos cerrados do centro-norte do Brasil: um estudo quantitativo e qualitativo” propõe-se a conhecer, compreender e mapear especificamente através das 9 metas relacionadas à Educação Básica e ao ensino profissionalizante do Plano Nacional de educação, as políticas locais de atendimento dessas metas, expressas em seus planos de educação (estaduais e municipais) bem como se apresenta esse atendimento no contexto das atividades do agronegócio.
Azul ou rosa? A segregação de gênero no ensino superior brasileiro, 2002 – 2016
O artigo examina como estudantes dos sexos masculino e feminino estão alocados em diferentes grupos de curo do ensino superior brasileiro em 2002 e em 2016. Foram utilizados os microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2014 e do Censo do Ensino Superior 2002 e 2016.
Desafios do sucesso educacional no Brasil
Este livro está organizado em capítulos cujo eixo articulador volta-se para o aprofundamento da compreensão dos processo relacionados à produção do sucesso educacional no Brasil.
Desigualdad en las oportunidades educacionales de los adolescentes en Brasil y México
O objetivo desse artigo é examinar tendências recentes da estratificação educacional para Adolescentes do Brasil e México em três períodos distintos: a década de 1980, de severa recessão; os anos 1990, um período de ajustes estruturais; e os anos 2000, década de crescimento. Além de matrículas escolares e probabilidades de transições educacionais, é examinada também a matrícula em escolas particulares, um aspecto importante da desigualdade educacional pouco abordado em estudos sobre o tema.
Desigualdades de gênero no ensino superior e no mercado de trabalho no Brasil: uma análise de idade, período e coorte
O artigo analisa o acesso diferencial de homens e mulheres ao ensino superior e a entrada no Mercado de trabalho dos diplomados no Brasil entre 1981 e 2006. O principal objetivo é analisar em que medida os ciclos de desenvolvimento e expansão econômica são concomitantes às tendências populacionais de acesso à universidade e de entrada no mercado de trabalhos dos indivíduos com formação universitária.
Educação e Juventude no Mundo Contemporâneo
Este dossiê se dedica a refletir sobre os rumos da educação e, consequentemente, da própria juventude no contexto contemporâneo. Para tanto, seis artigos compõem um conjunto diverso de temas que se complementam, como a dimensão das desigualdades sociais, as diversas trajetórias educacionais dos subgrupos, o desempenho dos sistemas educacionais e os rituais de demarcação da vida social.
Educational Stratification after a Decade of Reforms on Higher Education Access in Brazil
The goal of this paper is to examine recent changes in educational inequality by social origin and race in Brazil. We use a unique nationally representative data set collected by ILO in 2013 from respondents age 21–29 to answer the following two questions: As Brazil achieved universal enrollment in primary education and consistently high enrollment levels in secondary education, have the effects of social origin on secondary schooling entrance, secondary schooling completion and college access changed? Has the extent of the non-white disadvantage in education declined for younger cohorts?
Educational stratification among youth in Brasil: 1960 – 2010
The chapter investigates patterns of inequality of educational opportunities among young man and woman who lived with their parents in Brazil from 1960 to 2010.
Estratificação horizontal da educação superior no Brasil: desigualdades de classe, gênero e raça em um contexto de expansão educacional
Neste artigo, avaliamos de forma inédita e desagregada o padrão de expansão do ensino superior brasileiro e como se configuram as oportunidades no sistema
Estratificação social e usos do tempo: um estudo sobre os indivíduos inseridos no mercado de trabalho
A pesquisa analisa os usos do tempo de trabalho e lazer entre trabalhadores de diferentes estratos sociais, mostrando que os trabalhadores dos estratos mais altos são os que usufruem mais tempo de lazer.
Novas tendências ou velhas persistências? Modernização e expansão educacional no Brasil
O artigo tem como objetivo investigar padrões de associação entre origens sociais e destinos educacionais no ensino fundamental, médio e superior, ao longo da modernização da sociedade brasileira.
Teoria social e educação
O dossiê Educação e Teoria Social, publicado pela Revista Teoria e Cultura do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal de Juiz de Fora (PPGCSO/UFJF), traz aos leitores alguns dos temas atuais que inquietam estudiosos brasileiros, fomentam discussões teórico-conceituais e inspiram análises empíricas na Sociologia da Educação brasileira.
The School-to-Work Transition in Brazil: Patterns and Determinants of Young People Trajectories
This study has one goal: to characterize the trajectories of young Brazilians in the labour market and to reflect on some of their main correlates.
Trajetórias e transições entre jovens brasileiros
Que podemos dizer sobre as desigualdades estruturais no Brasil quando as observamos pela lente das trajetórias ocupacionais dos jovens? Em contextos de crescimento econômico e de ampliação de direitos, que fatores se mostram relevantes para tornar desiguais os destinos dos jovens brasileiros? Neste artigo, buscamos responder a essas perguntas.