Introdução
A linha 2 se concentrou nos estudos referentes ao ensino superior. Algumas pesquisas desta linha investigaram as desigualdades de acesso aos cursos superiores. Estas pesquisas mostram que os cursos superiores não são igualmente acessíveis a todos os estudantes. Fatores como origem social, trajetória escolar, idade, cor, gênero, entre outros, influenciam as escolhas dos cursos superiores por parte dos estudantes e a possibilidade de permanência e progressão nestes cursos.
Pesquisas desta linha investigam a formação dos professores, concentrando-se nos cursos de Pedagogia e Licenciatura. Estes estudos analisam os perfis dos estudantes que optam pelo magistério. Estes trabalhos avaliam a qualidade das formações dos professores, tanto nas universidades públicas, quanto nas universidades privadas, considerando tanto os cursos presenciais como aqueles realizados à distância, nos períodos diurnos e noturnos, além das desigualdades regionais entre os cursos distribuídos em todo o território brasileiro. Estas pesquisas analisam a influência de variáveis como classe social, raça e gênero no acesso e progressão no sistema de ensino superior. Estes estudos também investigam políticas públicas que visam democratizar o acesso à formação superior.
Vídeos
Educação superior e formação dos professores
Os professores e pesquisadores Cláudio Marques Martins Nogueira (FaE/UFMG), Bréscia F. Nonato (FaE/UFMG) e Thainara C. de Castro Ariovaldo (FaE/UFMG) destacam que o ensino superior brasileiro ainda é muito elitizado, pois menos de 1 a cada 4 jovens estão no ensino superior. Os pesquisadores apontam que as profissões que exigem o terceiro grau para serem exercidas são melhores remuneradas que as demais. Nogueira, Nonato e Ariovaldo enfatizam a heterogeneidade do ensino superior e afirmam que sua democratização não significa a redução das desigualdades, visto que as possibilidades de acesso aos cursos são distribuídas de modo distinto. Os pesquisadores falam sobre os perfis dos alunos que ingressam nas carreiras do magistério, discutindo também as questões das evasões nos cursos superiores. Finalmente, apresentam reflexões sobre a importância das políticas públicas voltadas a ampliação do acesso de negros, egressos de escolas públicas e pessoas de baixa renda, não apenas nas universidades, mas nos cursos valorizados, cujas profissões são rentáveis.
Ensino superior e carreira docente
Maria Ligia Barbosa (LAPES/PPGSA/UFRJ) e André Vieira (PPGSA/UFRJ) falam sobre a desvalorização das carreiras no magistério. Afinal além dos professores enfrentarem condições difíceis de trabalho, são mal remunerados. Sobre a formação dos professores, os pesquisadores destacam que os cursos de licenciatura possuem menos prestígio e são menos concorridos. Sobre os perfis dos alunos de pedagogia, Barbosa e Vieira afirmam que a maior parte destes estudantes são mulheres, oriundas de famílias de baixa renda, que já atuam no mercado de trabalho. A maioria dos estudantes de pedagogia ingressa em cursos noturnos, realizados à distância, em universidades particulares. Há poucas políticas públicas garantidoras da permanência destes estudantes no sistema de ensino. Os pesquisadores enfatizam a ausência de métodos didáticos na formação destes professores, que os habilitem a lidarem com a diversidade de alunos nas redes públicas, assim como com problemas como repetência, baixo aprendizado e evasão escolar.
Carreira docente e Educação à Distância
As pesquisadoras Gabriela Honorato (FE/UFRJ) e Adriane Gouvea (Seeduc-RJ) falam sobre o processo de desvalorização da profissão de professor ao longo do século XX. Este processo ocorreu com a expansão e democratização do ensino, que fomentou a necessidade de formação de um número cada vez maior de docentes. Tal imposição produziu uma feminilização da profissão, levando à redução de salários e precariedade das condições de trabalho. A partir de 1996, com a Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional, passou a haver a exigência de curso superior para os professores do ensino básico. Esta lei fez com que diversos professores ingressassem nas universidades, principalmente nos cursos de Licenciatura e Pedagogia. As pesquisadoras destacam a ampliação da educação à distância, enfatizando que tal possibilidade democratiza o ensino. Contudo, ambas destacam o risco de professores formados por essa modalidade não terem tido contato com o ambiente presencial da sala de aula, ao longo de suas formações.
Pandemia da Covid- 19 e ENEM
A pesquisadora Hustana Maria Vargas (FEUFF/PPGE/UFF) reflete sobre os efeitos da pandemia da Covid-19 sobre os estudantes brasileiros das escolas públicas. Vargas destaca que a pandemia começou a preocupar os brasileiros sobre o fechamento das escolas em março de 2020. O exame do ENEM estava marcado para novembro deste mesmo ano. Entretanto, não houve condições dos jovens das escolas públicas se prepararem para o exame e muito menos de concluírem o ensino médio. O exame do ENEM foi adiado e realizado em janeiro de 2021. Apesar da prorrogação , foi o exame com o maior índice de ausência dos inscritos, pois mais da metade dos estudantes não compareceu para a realização das provas. O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) identificou um atraso de 2,5 anos decorrente da pandemia, para os estudantes das redes públicas. Vargas defende a necessidade de políticas públicas compensatórias para reverter esse processo causado pela pandemia. A pesquisadora destaca as políticas de complementação de renda e de assistência estudantil como fundamentais nesta demanda , além de apoios pedagógicos e psicológicos aos estudantes.
Gráfico
ENEM 2018, 2019 e 2020: inscrições confirmadas, isenções e presença em dois dias
ENEM |
2018 |
2019 |
2020 |
|||
---|---|---|---|---|---|---|
Inscrições confirmadas |
5.513.747 (100%) |
5.095.270 (100%) |
5.783.357 (100%) |
|||
Egressos |
Concluintes |
Egressos |
Concluintes |
Egressos |
Concluintes |
|
3.233.968 (58%) |
1.640.095 (29%) |
2.992.921 (59%) |
1.465.895 (29%) |
3.794.543 (65,6%) |
1.374.111 (24%) |
|
Concluintes |
Concluintes |
Concluintes |
||||
Público |
Privado |
Público |
Privado |
Público |
Privado |
|
1.196.980 (73%) |
251.837 (15%) |
983.079 (67%) |
164.382 (11%) |
1.126.771 (82%) |
247.340 (12%) |
|
Isenções |
3.521.183 (64%) |
2.980.446 (58%) |
4.800.186 (83%) |
|||
Comparecimento nos dois dias |
3.893.743 (70%) |
3.702.008 (72%) |
2.863.978 (48%) |
Fonte: Sinopses ENEM. INEP/MEC. Elaboração própria.
Curso de extensão
Conheça o curso de extensão Desigualdades escolares e atuação docente !
O curso apresenta conceitos e teorias sobre a educação básica e é composto por aulas expositivas e debates com pesquisadores convidados e com integrantes do LAPES/UFRJ (Laboratório de Pesquisa em Ensino Superior), do LEPES/UFRJ (Laboratório de Estudos e Pesquisas sobre Educação Superior), do Desestrutura/UFF (Grupo de Pesquisa sobre Desigualdades Estruturantes), do LAP/UFF (Laboratório sobre Acesso e Permanência na Universidade) e do GEES/UFMG (Grupo de Estudos sobre Educação Superior).
Este curso foi desenvolvido no escopo do projeto Educação e Sociedade no Brasil e conta com financiamento do CNPq.
Textos
Seguem sugestões de artigos e livros resultantes de pesquisas sobre os temas da linha 2! Entre os textos selecionados você encontrará análises sobre as influências de variáveis como origem social, raça e gênero no acesso e progressão no sistema educacional superior; estudos sobre mudanças e continuidades nas concorrências e ocupações das vagas dos cursos de graduação; trabalhos sobre políticas públicas no ensino superior, como REUNI, PROUNI, cotas raciais, programas de interiorização de universidades, entre outros; diversas abordagens teórico-metodológicas sobre a área da Educação Superior; análises sobre o impacto causado pela pandemia da COVID-19 no acesso às universidades; discussões sobre e expansão da educação à distância no Brasil.
A expansão e as possibilidades de democratização do ensino superior no Brasil.
Diante da expansão e diversificação recentesdo sistema de ensino superior brasileiro, este artigo discute as possíveis tendências à sua modernização e democratização.
Democratização ou massificação do Ensino Superior no Brasil?
Este artigo busca compreender em que medida o Sistema de Ensino Superior brasileiro, que apresentou um notável processo de expansão em relação ao número de matrículas nas últimas décadas, tem oferecido, ou não, maior igualdade de oportunidades educacionais e sociais.
Desafios para o ensino superior brasileiro no contexto contemporâneo
Criado em 2017, o Laboratório de Estudos e Pesquisas em Educação Superior – LEPES, da Faculdade de Educação da UFRJ realizou seu III Seminário no ano de 2019, Neste e-book, apresentamos os trabalhos apresentados, tanto nas conferências quanto nas mesas-redondas. Os trabalhos apresentados foram distribuídos em 3 Áreas Temáticas: (1)Os desafios para o ensino superior brasileiro no contexto contemporâneo; (2) Diferentes olhares sobre o ensino superior brasileiro contemporâneo; (3) permanência, acompanhamento e sucesso acadêmico.
Desigualdades sociais e evasão no ensino superior: uma análise em diferentes níveis do setor federal brasileiro
Esta pesquisa investigou a relação entre desigualdades sociais e evasão no ensino superior público federal, com base em dados de ingressantes do ano de 2016.
Destinos, Escolhas e a Democratização do Ensino Superior
Este artigo analisa algumas políticas que visam a assegurar o acesso e a permanência dos estudantes até a conclusão dos cursos no sistema brasileiro de ensino superior.
Educação superior no Brasil Contemporâneo: estudos sobre acesso, democratização e desigualdades
A obra está dividida en 11 capítulos. Os capítulos podem ser integrados em três grupos: (1) políticas educacionais e gestões; (2) formação de atores educativos; (3) práticas educativas.
Educação Superior: desafios em perspectivas transdisciplinares
O livro aborda diversos temas relacionados à educação, como os processos de seleção e evasão escolar.
Estratificação horizontal nas licenciaturas das instituições federais brasileiras
A ampliação das matrículas em cursos da área da Educação foi um dos principais vetores da expansão recente do ensino superior brasileiro. O objetivo do artigo é analisar até que ponto esta expansão significa, de fato, democratização de oportunidades de formação em distintas carreiras docentes.
Evasão de curso no ensino superior federal? Análise de coorte dos ingressantes de 2012
O texto analisa a evasão de cursos no ensino superior federal. A análise de coorte dos ingressantes é 2012.
Expansão e estratificação na área de educação no Brasil: resultados de/ para uma agenda de estudos e pesquisas.
O texto apresenta uma síntese da bibliografia que trata da "estratificação horizontal" no ensino superior. O texto analisa as condições sociais de seleção dos estudantes, as condições de acesso e permanência destes, além do desempenho e inserção profissional dos formados.
Lei de Cotas e SiSU: Análise dos processos de escolha dos cursos superiores e do perfil dos estudantes da UFMG antes e após as mudanças na forma de acesso às Instituições Federais.Belo Horizonte: UFMG, 2018 – tese de Doutorado.
Nesta pesquisa, teve-se como objetivo investigar como o Sisu, articulado com a Lei de Cotas,influencia o processo de escolha dos cursos superiores, analisando as implicações para uma possível democratização da universidade.
Mudanças na concorrência e na ocupação das vagas de graduação da Universidade Federal de Viçosa (UFV) após a adoção do Sistema de Seleção Unificada (Sisu).
O estudo analisa mudanças na concorrência e ocupação das vagas dos cursos de graduação na Universidade Federal de Viçosa após a implementação do SISU
Mudanças no perfil dos estudantes da UFMG
Este texto tem como objetivo discutir a relação entre desigualdades educacionais e prática docente, diante das mudanças no perfil dos estudantes da UFMG.Como aporte teórico, considerou-se estudos do campo da Sociologia da Educação, em especial os trabalhos de Pierre Bourdieu, e da Didática do Ensino Superior. A análise foi realizada a partir dos bancos de dados cedidos pela PROGRAD/UFMG e teve como referência os anos de 2007, 2012, 2016 e 2019
Mudanças no perfil dos estudantes da UFMG: desafios para a prática docente
Este texto teve como objetivo discutir a relação entre desigualdades educacionais e prática docente, diante das mudanças no perfil dos estudantes da UFMG.
Nova forma de acesso ao ensino superior público: um estado do conhecimento sobre o sistema de seleção unificada. Internacional de Educação Superior.
Este trabalho apresenta um estado do conhecimento sobre o Sistema de Seleção Unificada – SiSU. Tomou-se por objeto o conjunto de trabalhos cadastrados no banco de teses e dissertações mantido pela CAPES que tratam do assunto.
O Perfil Institucional Do Sistema de Ensino Superior Brasileiro Após Décadas de Expansão
O artigo integra o livro "A Expansão Desigual Do Ensino Superior No Brasil". Este livro busca responder como se deu a expansão do sistema educacional no Brasil, quem entra e quem consegue ficar até o final, e como se faz a transição para o mercado de trabalho
O Sisu e a escolha pelas licenciaturas da Universidade Federal de Viçosa.
O objetivo deste trabalho foi analisar como o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) interferiu na escolha pelos cursos superiores na Universidade Federal de Viçosa, examinando principalmente as licenciaturas que tiveram maior aumento na relação candidato por vaga após a implementação desse novo mecanismo de seleção.
O SISU na Berlinda: presente e uma provocação para o futuro
O sistema de Seleção Unificada (SiSU) parte do seguinte ponto de vista: o sistema oferta e aloca de forma centralizada um bem extremamente valorizado: vagas em instituições públicas de educação superior. O texto investiga os malogros e desafios do sistema, examinando restrições e conflitos que afetam os agentes envolvidos no processo.
Origem social e vocação profissional
O artigo faz parte do livro "Acesso e Sucesso no Ensino Superior: uma sociologia dos estudantes". Os artigos apresentados neste livro visam investigar o efeito das políticas de ação afirmativa que ampliam as oportunidades de acesso ao ensino superior para alunos de baixa renda que concluíram o ensino médio em escolas públicas e afrodescendentes, assim como as estratégias institucionais que têm o objetivo de garantir a permanência e a inserção profissional desses “novos estudantes”. Dessa forma, o livro traz uma contribuição inestimável para os debates sobre a educação no Brasil.
Perfil sócio-econômico, motivações e aspirações profissionais de concluintes da área de Educação do ensino superior no Brasil, 2014
A ampliação das matrículas em cursos da área da Educação foi o principal vetor da expansão recente da educação superior brasileira.O objetivo do artigo é analisar as desigualdades internas a essa área, desagregando os cursos de licenciatura em sub áreas de conhecimento da Educação Básica.
Por uma “freada de arrumação”: ENEM E COVID 19
O texto apresenta reflexões e problematizações sobre a pandemia causada pela COVID 19 e a realização do ENEM
Promessas e limites: o SISU e sua implementação na Universidade Federal de Minas Gerais
O artigo investiga as implicações da adesão da Universidade Federal de Minas Gerais ao Sistema de Seleção Unificada (SISU)
SISU e lei da cotas:mudanças nos perfis dos estudantes da UFMG
O objetivo deste texto foi apresentar uma síntese dos principais resultados produzidos no âmbito da tese “Lei de Cotas e SISU: análise dos processos de escolha dos cursos superiores e do perfil dos estudantes da UFMG antes e após as mudanças na forma de acesso às Instituições Federais".
Sociologia da educação brasileira: diversidade e qualidade
Nas décadas iniciais do século XXI foram feitos diversos levantamentos sobre a produção brasileira na área da Sociologia da Educação.Este artigo focaliza o conteúdo e as diferenças de abordagens teórico-metodológicas dos estudos na área.